Letra de "Linhas Tortas" de Gabriel, o Pensador

11-07-2013 10:26

"Linhas Tortas" de Gabriel, o Pensador

Alguns às vezes me tiram o sono, mas não me tiram o sonho 
Por isso eu amo e declamo, por isso eu canto e componho 
Não sou o dono do mundo, mas sou um filho do dono 
Do verdadeiro Patrão, do verdadeiro Patrono

- E aí, Gabriel, desistiu do cachê? 
- Cancelei um trabalho aí pra não me aborrecer. 
- Explica melhor, o que foi que você fez? 
- Tá, tudo bem, eu explico pra vocês:

Tudo começou na aula de português 
Eu tinha uns cinco anos, ou talvez uns seis 
Comecei a escrever, aprendi a ortografia 
Depois as redações, para a nossa alegria 
Professora dava tema-livre, eu demorava 
Pra escolher um tema, mas depois eu viajava 
E nessas viagens os personagens surgiam 
Pensavam, sentiam, choravam, sorriam 
Aí a minha tia-avó, veja só você 
Me deu de aniversário uma máquina de escrever 
Eu me senti um baita jornalista, tchê 
Que nem a minha mãe, que trabalhava na TV 
Depois, já aos quinze, mas com muita timidez 
Fiquei muito sem graça com o que a professora fez 
Ela pegou meu texto e leu pra turma inteira ouvir 
Até fiquei feliz mas com vontade de fugir 
Então eu descobri que já nasci com esse problema 
Eu gosto de escrever, eu gosto de escrever, crer, ver 
Ver, crer, eu gosto de escrever e escrevo até até poema

REFRÃO Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso 
Na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso 
Na loja eu vendo disco, já vendi mais de um milhão 
Se isso for um crime, quero ir logo pra prisão

- Ih, pensador, isso é grave, hein!

É, vovó dizia que eu já escrevia bem 
Tentei me controlar, me ocupar com um esporte 
Surf, futebol, mas não era o meu forte 
Um dia eu fiz uns raps e achei que tava bom 
Me batizei de Pensador e quis fazer um som 
Ficar famoso e rico nunca foi minha meta 
Minha mãe já era isso, eu só queria ser poeta 
Meu pai, um homem sério, um gaúcho de POA 
Formado em medicina, não podia acreditar 
Ao ver o seu garoto Gabriel 
Com um fone nos ouvidos viajando com a caneta no papel 
- O que você tá fazendo? Vai dormir, moleque! 
- Ah, pai, peraí, eu só tô fazendo um rap! 
Ninguém sabia bem o que era, mas eu tava viciado naquilo 
E viciei uma galera!

REFRÃO

Não tô vendendo crack, não tô vendendo pó 
Não tô vendendo fumo, não tô vendendo cola 
Mas muitos me disseram que o que eu faço é viciante 
E vicia os estudantes quando eu entro nas escolas 
Até os professores às vezes se contaminam 
Copiam minhas letras e textos e disseminam 
Sementes do que eu faço, já não sei se é bom ou mau 
Mas sei que muito aluno começa a fazer igual 
Escrevendo poemas, escrevendo redações 
Fazendo até uns raps e umas apresentações 
Me lembro dos meus filhos e a saudade é cruel 
Solidão me acompanha de hotel em hotel 
Casamento acabou, eu perdi na estrada 
O amor que ainda tenho é o amor da palavra 
É falar e cantar, despertar consciências 
Dediquei a vida a isso e a maior recompensa 
É servir de referência pra quem pensa parecido 
Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido 
É olhar pra minha frente e enxergar um mar de gente 
E mergulhar no fundo dos seus corações e mentes 
É esse o meu mergulho, não é o do Tio Patinhas 
É esse o meu orgulho, escrever as minhas linhas 
Escrevo em linhas tortas, inspirado por alguém 
Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem 
Escuto os corações, como um cardiologista 
Traduzo o que eles dizem como faz qualquer artista 
Que ganha o seu cachê, que é fruto do trabalho 
De cigarra e de formiga, e eu não sei o quanto eu valho 
Mas sei que quando eu ganho, divido e multiplico 
E quanto mais eu vou dividindo, mais fico rico 
Rico da riqueza verdadeira que é de graça 
Como um só sorriso que ilumina toda a praça 
Sorriso emocionado de um senhor experiente 
Em pé há duas horas debaixo do sol quente 
Ouvindo os meus poemas em total sintonia 
Eu sou ele amanhã, e hoje é só poesia.

REFRÃO


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